quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Quinta Feira


Saudade, distância, ausência... nunca tais palavras me encheram assim,  de amargas e constantes lágrimas, presas num coração já carregado de cansaço e com marcas que teimam em não sair, mas disposto a continuar batendo naquela velha melodia, em que és a única nota que preciso. As poucas horas em que pude roubar você de tudo e todos fizeram a felicidade mudar de casa e vir estampada no meu rosto e denunciada pelo meu sorriso, já tão bobo há várias semanas. Cada gesto entendias como um sinal, e como em um espelho, via tuas mãos deslizando nas minhas e se entrelaçando, como nossos corpos, aconchegados numa realidade que ainda não pertence a nós. Era inevitável tentar ler seus pensamentos todas as vezes que nossos olhos se encontravam, imaginando se o brilho seria o mesmo, o que me mostravas com apenas um toque, uma abraço, daqueles bem caros, fortes, sinceros, tão apertado que nos adormece. Até esse pôr-do-sol, não há quem me faça explicar o que vivi nesse dia, um misto de tensão, vontades e a segurança de saber que te inspiro e te faço sorrir, ainda que distante. Ao passo em que a despedida fazia-se iminente, pensava em tudo que havia dito por culpa desse turbilhão a quem chamam de amor, aquela febre que eu lutei para nunca mais sentir. Graças a você, nunca fiquei tão feliz por uma luta em vão e por destruir uma promessa. Talvez nos perguntem se algo tão repentino poderá ter valor, e a resposta daremos nos olhares e desejos mútuos, nas risadas e conversas sem sentido, recheadas de suspiros que nos unem numa impensada dança, num silencioso e aguardado sonho.

Texto do Guilherme

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